domingo, 19 de junho de 2011

Pessoas que têm uma deficiência.


Pessoas que têm uma deficiência.

Dia Nacional de Luta das Pessoas Deficientes

Precisamos observar o todo para saber como nos localizar e não nos posicionarmos a favor de uma suposta igualdade. Somos diferentes e, assumindo isso, temos de brigar pelo direito de uma diferença digna, respeitada e produtiva.


No dia 21 de setembro é celebrado dia Nacional de Luta das Pessoas Deficientes, que no dia-a-dia passa despercebido quando não tem acesso há alguns lugares, que não possuem rampas e adaptações. Porém são percebidos pelo preconceito.

Evidências  no  dia-a-dia  nos  mostram  que  existe  um  interesse,  cada  vez  mais
generalizado dentro da população, em conhecer e relacionar-se corretamente com as pessoas que têm uma deficiência.

Palestras, cursos, campanhas, livros, folhetos, revistas – em todas as partes da sociedade
constatamos  mensagens  escritas,  faladas,  desenhadas  e  dramatizadas  ensinando  as  formas
corretas  de  se  interagir  com  pessoas  cuja  deficiência  é  bastante  variada  e  cuja  presença  é
notada com mais freqüência a cada dia que passa.

Neste artigo, apresento uma síntese desses comportamentos inclusivos diante de pessoas
com  deficiência,  parte  deles  transcrita  e/ou  adaptada  de  inúmeros  textos  publicados  (ver
Bibliografia  consultada)  e  parte  aprendida  em  minha  experiência  profissional  dentro  do
campo da  reabilitação profissional, bem como em minha atuação no movimento de direitos,
nos últimos 45
anos. 

Dicas gerais diante de uma pessoa com qualquer tipo de deficiência

  •   Converse  com  ela  respeitosamente,  sabendo  que  ambos  desejam  ser  respeitados  como
  • Seres humanos.
  •   Comporte-se de igual para igual, ou seja, considerando que vocês dois possuem a mesma dignidade.
  •   Aceite a outra pessoa como ela é, assim como você espera ser aceito do jeito que você é.
  •   Ofereça ajuda sempre que notar que a pessoa parece necessitá-la. Pergunte antes de ajudar
  • e  jamais  insista  em  ajudar. Se  ela  aceitar  a  ajuda, deixe que  ela  lhe diga  como quer  ser
  • ajudada.
  •   Lembre-se de que as pessoas com deficiência  têm os mesmos direitos garantidos a  todos
  • os povos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição de cada país.

Diante de uma pessoa com deficiência física

  • Que usa cadeira de rodas

  •   Não se apóie na cadeira de rodas, nem com as mãos nem com os pés. A cadeira de rodas é
  • uma extensão do corpo da pessoa que a utiliza.
  •   Não  receie  em  falar  as  palavras  “ande”,  “corra”  e  “caminhe”. As  próprias  pessoas  com
  • deficiência física também as utilizam.   2
  •   Se a conversa for demorar, sente-se num banco ou sofá de modo que seus olhos fiquem no
  • mesmo  nível  do  olhar  da  pessoa  em  cadeira  de  rodas.  Para  uma  pessoa  sentada,  não  é
  • confortável ficar olhando para cima durante um período relativamente longo.
  •   Ao ajudar uma pessoa em cadeira de rodas a descer uma rampa ou degraus, use a marcha à
  • ré, para evitar que, pela excessiva inclinação, a pessoa perca o equilíbrio e caia para frente.
  •   Ande na mesma velocidade do movimento da cadeira de rodas.
  •   Ao planejar eventos, providencie acessibilidade arquitetônica em todos os recintos.
 
2.  Que usa muletas

  •   Tome cuidado para não tropeçar nas muletas.
  •   Ao acomodar  as muletas, após  a pessoa  sentar-se, deixe-as  sempre ao  alcance das mãos
  • dela.
  •   Ande no mesmo ritmo da marcha da pessoa.

3.  Que tenha necessidade especial no uso dos braços e mãos e do corpo em geral

  •   Siga as cinco dicas gerais, acima indicadas.
  •   Esteja atento às particularidades de cada tipo de deficiência física.

  • Diante de uma pessoa com deficiência visual

1.  Pessoa cega

  •   Se  andar  com  uma  pessoa  cega,  deixe  que  ela  segure  seu  braço. Não  a  empurre;  pelo
  • movimento de seu corpo, ela saberá o que fazer.
  •   Em lugares estreitos para duas pessoas caminharem, ponha o seu braço para trás de modo
  • que a pessoa cega possa seguir você.
  •   Se estiver com ela durante a  refeição, pergunte-lhe se quer auxílio para cortar a carne, o
  • frango ou para adoçar o café, e explique-lhe a posição dos alimentos no prato.
  •   Num restaurante, é de boa educação que você leia o cardápio e os preços, se a pessoa cega
  • assim o desejar.
  •   Se  for  auxiliar  a  pessoa  cega  a  atravessar  a  rua,  pergunte-lhe  antes  se  ela  necessita  de
  • ajuda e, em caso positivo, atravesse-a em linha reta, senão ela poderá perder a orientação.
  •   Se  ela  estiver  sozinha,  identifique-se  sempre  ao  aproximar-se  dela.  Nunca  empregue
  • brincadeirinhas como: “Adivinha quem é?”.
  •   Se  for orientá-la a sentar-se, coloque a mão da pessoa cega sobre o braço ou encosto da
  • cadeira, e ela será capaz de sentar-se facilmente.   3
  •   Se  observar  aspectos  inadequados  quanto  à  aparência  da  pessoa  cega  (meias  trocadas,
  • roupas pelo avesso, zíper aberto etc.), não tenha receio de avisá-la discretamente a respeito
  • de sua roupa. 
  •   Se conviver com uma pessoa cega, nunca deixe uma porta entreaberta. As portas devem
  • estar  totalmente  abertas  ou  completamente  fechadas.  Conserve  os  corredores  livres  de
  • obstáculos. Avise-a se a mobília for mudada de lugar.
  •   Se você trabalha, estuda ou está em contato social com uma pessoa cega, não a exclua nem
  • minimize  a  participação  dela  em  eventos  ou  reuniões. Deixe  que  a  pessoa  cega  decida
  • sobre  tal participação. Trate-a  com o mesmo  respeito que você demonstra ao  tratar uma
  • pessoa que enxerga. 
  •   Se  for  orientá-la,    direções  do modo mais  claro  possível. Diga  “direita”,  “esquerda”,
  • “acima”,  “abaixo”,  “para  frente”  ou  “para  trás”,  de  acordo  com  o  caminho  que  ela
  • necessite percorrer. Nunca use termos como “ali”, “lá”.
  •   Indique as distâncias em metros. Por exemplo: “Uns 10 metros para frente”.
  •   Se for a um lugar desconhecido para a pessoa cega, diga-lhe, muito discretamente, onde as coisas estão distribuídas no ambiente, os degraus, meios-fios etc. 
  •   Se vocês estiverem numa festa, diga à pessoa cega quais as pessoas presentes e veja se ela encontra pessoas para conversar, de modo que se divirta tanto quanto você.
  •   Se for apresentá-la a alguém, faça com que ela fique de frente para a pessoa a quem você está apresentando, impedindo que a pessoa cega estenda a mão, por exemplo, para o lado contrário em que se encontra a outra pessoa.
  •   Se conversar com uma pessoa cega,  fale  sempre diretamente, e nunca por  intermédio de seu  companheiro. A pessoa  cega pode ouvir  tão bem ou melhor que você. Não  evite  as palavras “veja”, “olhe” e “cego”; use-as sem receio. As pessoas cegas também as usam.
  •   Quando se afastar da pessoa cega, avise-a, para que ela não fique falando sozinha.
  •   A pessoa cega não vive num mundo escuro e sombrio. Ela percebe coisas e ambientes e adquire  informações  através do  tato, da  audição e do olfato. Ela pode  ler  e escrever por meio do braile.
  •   O computador também é um bom aliado, possibilitando à pessoa cega escrever e conferir
  • os  textos,  ler  jornais  e  revistas,  via  internet  ou  livro  digitalizado,  usando  programas específicos  (DosVox,  Virtual Vision,  Jaws,  por  exemplo)  nos  quais  se  fala  o  que  está escrito na tela.
  •   Com  a  bengala  ou  com  o  cão-guia,  a  pessoa  cega  pode  caminhar  com  autonomia,
  • Identificando  ou  desviando-se  de  degraus,  buracos, meio-fio,  raízes de  árvores,  orelhão,   4postes,  objetos  protuberantes  nos  quais  ela  possa  bater  a  cabeça  etc. O  cão-guia  nunca deverá ser distraído do seu dever de guiar a pessoa cega. 
  •   Ao planejar eventos, providencie material em braile. 

  • Pessoa com baixa visão

  •   Ao  se  tratar  de  pessoa  com  baixa  visão,  proceda  quase  das  mesmas  formas  acima indicadas.
  •   Ao planejar eventos, providencie material impresso com letras ampliadas.
Pessoa surdocega

  •   Em  geral,  a  pessoa  com  surdocegueira  está  acompanhada  de  um  guia-intérprete,  que utiliza diversos recursos de comunicação como, por exemplo, a libras tátil (libras na palma das mãos) ou o tadoma (pessoa surdocega coloca a mão no rosto do guia-intérprete, com o polegar tocando suavemente o lábio inferior e os outros dedos pressionando levemente as dobras  vocais). Assim,  pela  vibração  das  dobras  vocais,  ela  consegue  entender  o  que  a outra  pessoa  está  falando.    pessoas  surdocegas  que  apenas  não  ouvem,  mas  falam; portanto,  ela  pode  “ouvir”  pelo  tadoma  e  falar  com  a própria  voz. Quando  entrar  numa conversa com uma pessoa surdocega, que utiliza o tadoma, deixe que ela  faça o mesmo com você.  Diante de uma pessoa com deficiência auditiva

1.  Pessoa surda

  •   Se  quiser  falar  com  uma  pessoa  surda,  sinalize  com  a mão  ou  tocando  no  braço  dela.
  • Enquanto estiverem conversando, fique de frente para ela, mantenha contato visual e cuide
  • para que ela possa ver a sua boca para ler os seus lábios. Se você olhar para o outro lado,
  • ela pode pensar que a conversa terminou. 
  •   Não grite. Ela não ouvirá o grito e verá em você uma fisionomia agressiva.
  •   Se  tiver  dificuldade  para  entender  o  que  uma  pessoa  surda  está  dizendo,  peça  que  ela
  • repita ou escreva.
  •   Fale normalmente, a não ser que ela peça para você falar mais devagar.
  •   Seja  expressivo. A  pessoa  surda  não  pode  ouvir  as mudanças  de  tom  da  sua  voz,  por
  • exemplo,  indicando gozação ou seriedade. É preciso que você  lhe mostre isso através da
  • sua  expressão  facial,  gestos ou  dos movimentos do  corpo  para  ela  entender o  que  você
  • quer comunicar.
  •   Em geral, pessoas surdas preferem ser chamadas “surdos” e não “deficientes auditivos”.
  •   Se a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete da língua de sinais, fale olhando
  • para ela e não para o intérprete.    5
  •   É muito  grosseiro  passar  por  entre  duas  pessoas  que  estão  se  comunicando  através  da língua de sinais, pois isto atrapalha ou impede a conversa.
  •   Se aprender a língua de sinais brasileira (libras), você estará facilitando a convivência com
  • a pessoa surda.
  •   Ao planejar  um  evento, providencie  avisos  visuais, materiais  impressos  e  intérpretes da
  • língua de sinais.

  • Pessoa com baixa audição

  •   Ao  se  tratar de pessoa  com baixa  audição, proceda quase das mesmas  formas  indicadas para relacionar-se com pessoas surdas.
  •   Em  geral,  as  pessoas  com  baixa  audição  não  gostam  de  ser  chamadas  “surdos”  e  sim
  • “deficientes auditivos”.

  • Diante de uma pessoa com deficiência da fala

  •   Existem diversas alterações de  fala, variando desde as mais  simples, como a dificuldade em pronunciar os sons de maneira correta, até as mais complexas, como a perda  total da voz, as gagueiras mais graves e os transtornos causados por um problema neurológico, que podem prejudicar tanto a fala como a compreensão.
  •   Todas  estas alterações podem  trazer um prejuízo ou  até mesmo um  impedimento para a
  • comunicação oral.
  •   Mantenha  a  calma  quando  falar  com  alguém  que  apresenta  alguma  dificuldade  de
  • Comunicação oral. Não tente adivinhar o que ela quer dizer e não a deixe sem resposta.
  •   Procure olhar no rosto de quem fala; fale pausadamente; use poucas palavras de cada vez;
  • Espere a sua vez de falar e só comece quando tiver certeza de que o outro terminou o que
  • Tinha a dizer.
  •   Se não entendeu o que foi falado, não tenha receio de pedir que o outro repita ou escreva.
  • A  maior  parte  das  pessoas  com  dificuldade  na  fala  tem  consciência  disso  e  não  se
  • Incomoda em repetir, desde que encontre alguém realmente interessado em ouvi-la.
  •   Preste  mais  atenção  no  conteúdo  da  fala  do  que  em  sua  forma  e,  principalmente,  não
  • Discrimine alguém pela maneira dele de falar.

Diante de uma pessoa com deficiência intelectual

  •   Ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência  intelectual, aja com naturalidade, como você faria com qualquer outra pessoa.   
  •   Não  confunda  “deficiência  intelectual”  (deficiência  mental)  com  “transtorno  mental” (doença mental).
  •   A pessoa com deficiência intelectual é, em geral, muito carinhosa e disposta a conversar. 
  •   Procure  dar-lhe  atenção  e  tratá-la  de  acordo  com  a  faixa  etária:  criança,  adolescente, adulta.
  •   Não a  ignore durante conversação. Cumprimente-a e despeça-se dela, como você o  faria com outras pessoas.
  •   Não a superproteja, nem use linguagem infantilizada. 
  •   Deixe que ela tente fazer sozinha tudo o que ela puder. Ajude apenas quando for realmente necessário.
  •   Entenda  que  a  pessoa  com  deficiência  intelectual  aprende  mais  lentamente.  Se  você respeitar  o  ritmo  dela  e  lhe  oferecer  oportunidade,  ela  pode  desenvolver  habilidades,
  • tornar-se produtiva e participar do mundo com dignidade e competência.

Diante de uma pessoa com outras deficiências

  •   Existem  pessoas que  apresentam  uma  deficiência  que  não  foi mencionada  até  aqui. Por
  • exemplo,  a  deficiência múltipla,  que  se  caracteriza  pela presença  simultânea  de  dois  ou
  • mais tipos de deficiência acima citados. 
  •   Também  existem  pessoas  com  paralisia  cerebral,  com  síndrome  de  Down,  com hiperatividade,  com  ostomia,  com  dislexia  e  assim  por  diante. Mas,  paralisia  cerebral,
  • síndromes diversas, hiperatividade, ostomia, dislexia etc. não são tipos de deficiência; são
  • condições que acarretam alguma deficiência. 
  •   Por outro  lado,  existem pessoas  com  epilepsia,  com hanseníase,  com  transtorno mental,
  • com  autismo,  com  transtorno  de  déficit  de  atenção  (TDA)  etc.  Porém,  epilepsia,
  • hanseníase,  transtorno  mental,  autismo,  TDA  etc.  também  não  constituem  tipos  de
  • deficiência; são doenças que podem acarretar alguma deficiência.
  •     casos  em  que  uma  doença  e  uma  condição  estão  presentes  juntas.  Por  exemplo,
  • transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). 
  •   Podemos,  então,  comportar-nos  diante  de  uma  pessoa  com  deficiência  resultante  dessas
  • condições ou doenças, seguindo todas as dicas gerais e algumas das dicas específicas, de
  • acordo com cada caso.
  •   A questão das condições e doenças como causas de deficiências é polêmica e não encontra
  • um  consenso  entre  especialistas.  Por  exemplo,  a  ostomia  e  a  paralisia  cerebral  foram
  • colocadas como formas de deficiência física, e não como causas, no Decreto nº  5.296, de
  • 2/12/04.    7
 

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